FILTRO D´AMÔR (PARTE IV)
Um disco brasileiro para grafonola à venda aqui na loja A Boa Harmonia, especialmente dedicado ao leitor/a brasileiro/a deste Blog que aqui entrou procurando "discos para grafonola". Calcule... tem Internet e ainda usa grafonola! Caso não lhe agrade este, é só dizer, que o Manivela vai buscar mais ao armazém... :))
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CENA VI
Basalicão, Hilário, Manivela e Isabel
Basalicão, Hilário, Manivela e Isabel
Basalicão – Olhem que já mo tinham dito mas só acreditei quando vi o programa. Vai a Lúcia cantar ao Sarau e não convidaram a Isabelinha!
Hilário - Eu ouvi lá falar numa D. Isabel. Houve pedidos pela outra.
Manivela - A menina Isabel é filha cá do meu patrão. Uma cara linda e uma voz maravilhosa.
Hilário – Ah, é filha ?! Se eu tivesse sabido antes... que é uma toleirona essa tal Lúcia...
Manivela - Lúcia Lima.
Hilário - Lúcia Lima toma-se em chá pare as dores de barriga, não é, amigo Basalicão?
Basalicão – É, é. Ela como tem medo que a Isabel a ofusque, moveu grandes influências para a pequena ficar de parte. Schiu! Ela aí vem...
Isabel (Entrando pela D.B.) - Adeus Sr. Basalicão.
Basalicão – Adeus, menina Isabel. Sempre linda, mas triste, de há uns tempos para cá.
Isabel - Isso é desconfiança sua (Reparando no Hilário) - este Senhor... (Olha interrogativa para Manivela)
Manivela - O Sr. Hilário Hilariante, que nos veio vender umas músicas. Olhe, vá ver à montra.
Hilário - São tudo novidades, minha Senhora.
Isabel – Ah, sim ? Vou ver. Dirige-se à montra donde tira as músicas e vai passando) Olha que engraçado: a Canção do Tiro-Liro. Tu sabes como se dança, Manivela ?
Manivela - Eu não, senhora.
Hilário – Ó amigo Manivela, parece mentira. É muito fácil. (Vai trauteando e acompanhando com os gestos próprios, para ensinar ao Manivela que olha com grande atenção) - Lá em cima está o Tiro-Liro-Liro, etc, etc….
Manivela - (Tentando reproduzir) Lá em cima está o Tiro, etc. (Faz os movimentos todos trocados. Hilário torna a explicar. Basalicão e Isabel já dançam por seu lado.)
Isabel - Então ainda não aprendeste, Manivela? É tão fácil.
Manivela – Já sei, já sei, quer ver? (Põe-se a cantar e a dançar o Tiro-Liro).
Hilário - Eu ouvi lá falar numa D. Isabel. Houve pedidos pela outra.
Manivela - A menina Isabel é filha cá do meu patrão. Uma cara linda e uma voz maravilhosa.
Hilário – Ah, é filha ?! Se eu tivesse sabido antes... que é uma toleirona essa tal Lúcia...
Manivela - Lúcia Lima.
Hilário - Lúcia Lima toma-se em chá pare as dores de barriga, não é, amigo Basalicão?
Basalicão – É, é. Ela como tem medo que a Isabel a ofusque, moveu grandes influências para a pequena ficar de parte. Schiu! Ela aí vem...
Isabel (Entrando pela D.B.) - Adeus Sr. Basalicão.
Basalicão – Adeus, menina Isabel. Sempre linda, mas triste, de há uns tempos para cá.
Isabel - Isso é desconfiança sua (Reparando no Hilário) - este Senhor... (Olha interrogativa para Manivela)
Manivela - O Sr. Hilário Hilariante, que nos veio vender umas músicas. Olhe, vá ver à montra.
Hilário - São tudo novidades, minha Senhora.
Isabel – Ah, sim ? Vou ver. Dirige-se à montra donde tira as músicas e vai passando) Olha que engraçado: a Canção do Tiro-Liro. Tu sabes como se dança, Manivela ?
Manivela - Eu não, senhora.
Hilário – Ó amigo Manivela, parece mentira. É muito fácil. (Vai trauteando e acompanhando com os gestos próprios, para ensinar ao Manivela que olha com grande atenção) - Lá em cima está o Tiro-Liro-Liro, etc, etc….
Manivela - (Tentando reproduzir) Lá em cima está o Tiro, etc. (Faz os movimentos todos trocados. Hilário torna a explicar. Basalicão e Isabel já dançam por seu lado.)
Isabel - Então ainda não aprendeste, Manivela? É tão fácil.
Manivela – Já sei, já sei, quer ver? (Põe-se a cantar e a dançar o Tiro-Liro).
CENA VII
Os mesmos e Procópio, depois Júlio
Os mesmos e Procópio, depois Júlio
Procópio (entra pela D. B. deixando a porta aberta e fica a olhar Manivela que está a dançar o Tiro-Liro).
Manivela (reparando no Patrão fica atarantado e começa fingindo que procura qualquer coisa, pela casa toda).
Procópio - Que diabo perdeste tu?
Manivela (gaguejando) - Era... era… uma semifusa...
Procópio – Hein?
Manivela (atarantadíssimo) – Uma… uma… clave….
Procópio - Perdeste uma clave ?!
Hilário (Vindo em auxílio de Manivela) - Eu explico: é uma clave de Sol que eu costumo usar na gravata, um alfinete. Pensei que o tinha perdido mas agora me lembro que não o pus...
Procópio – Ah, era coisa sua; desculpe! Manivela, vai ali fechar a porta. (Para Hilário, em aparte) O meu empregado é assim, um pouco maníaco. (Manivela fecha a porta à chave e volta). Então, segundo me parece, o Sr. também é músico!
Hilário (Apresentando-se) - Dos pés à cabeça. Hilário Hilariante, representante da Rabeca Mágica.
Procópio - Não tenho a honra, conheço é a Flauta Mágica, de Mozart.
Hilário - A nossa casa é de recente fundação, mas marcha já na vanguarda. Vim hoje para apresentar as nossas últimas edições e mal avistei a sua loja o coração deu-me um baque...
Procópio (Confundindo) - Bach, diz muito bem, meu caro Sr. podia mesmo ter dado um Schubert, Beethoven ou Wagner, pois que a minha casa é o santuário desses inimitáveis mestres. Ó quanta glória passada, nos tempos em que não era qualquer que se atrevia a pisar um palco, a cantar essas páginas onde perpassa o verdadeiro génio...
Hilário - Ah, o Sr. cantou ?
Procópio - Acaso ignora o meu nome ? (Com ênfase) - Eu sou Procópio Profundo !
Hilário - O célebre Baixo !
Procópio - Em carne e osso !
Isabel - Então Papá, não sejas imodesto.
Procópio - Qual imodesto. A verdade deve dizer-se. E as testemunhas estão perto. Ali o amigo Basalicão decerto ainda não esqueceu esses tempos.
Basalicão - Nem nunca esquecerei, amigo Procópio. Era na minha farmácia que você se ia aviar qundo andava mal da garganta. Por sinal, até me ficou a dever uma dúzia de pastilhas de mentol.
Procópio – O que lá vai, lá vai! Isso é para compensar as vezes que você me impingiu água do contador por qualquer remédio caro.
Basalicão – Ó amigo Procópio, eu...
Hilário – Então! Não se vão zangar agora...
Procópio - Sim o momento não é de discórdia, é de evocação. Que grandes noites de arte...
Hilário - (Indo buscar as músicas que Isabel deixou à vista) - Inda bem, meu caro amigo, que o Sr. é não só um entusiasta, mas um. verdadeiro artista. (Vai-lhe estendendo as músicas)
Procópio (sem ver logo as músicas) – Não, apenas um entusiasta, mas sincero, fervoroso! Para mim a música é tudo. Bem entendido, aquela música séria, honesta, bela, enfim, aquela Música que se escreve com M grande. (Hilário vai encolhendo as músicas que queria mostrar). Quanto a esses Tangos lamechas e Foxes selvagens que hoje para aí se usam, de bom grado mandaria guilhotinar quem os faz, fuzilar quem os executa e enforcar quem os vende. Felizmente em minha casa nunca entrou esse escalracho.
(Manivela e Hilário têm dado os mais vivos sinais de inquietação e este último tenta esconder os números de música que tem na mão, mas Procópio agarra-os)
Procópio (Agarrando as músicas, ainda na mão de Hilário) Ora vamos lá a ver o que me traz.
Hilário (Resistindo) - Não merece a pena, talvez... O Sr. não estará ocupado ?
Procópio - Não. Desculpe-me toda esta conversa antes de o atender. (Tira as músicas, vai vendo e dando mostras de grande furor .Valsas? Foxes, Tangos, pepineiras, maluquices ? (Crescendo pera Hilário) E o Sr., veio vender-me isto ?
Hilário (Fazendo-se forte) - Perdão! O Sr. Manivela já se comprometeu a comprar-me esses números mesmo!
Procópio - A comprar? Comprometeu? Não estou em mim! Com que autoridade? Quem é o dono da casa? Quem é aqui o patrão, (Batem à porta D.B.) - quem é?
Júlio (De fora) - Sou eu!
Procópio (Para Manivela) - Vai abrir.
Júlio (Entrando) - O Tio desculpe se interrompi. Não é costume estar fechada (aponta a porta).
Procópio (Para Manivela) - Não te tenho já dito que não quero a porta fechada quando eu cá não estou ?
Manivela - Mas o Sr. está…
Procópio – Estou, mas podia não estar…
Júlio (Para Procópio) - Mas que aconteceu? O Tio parece estar exaltado.
Procópio – Não, já estou calmo. (Para Manivela) - Nós depois falaremos. (Para Hilário) - E você, seu caixeiro viajante das dúzias, que tem o desplante de se dizer músico, que tem a audácia de usar uma clave de Sol espetada na gravata, que tem o arrojo de usar gravata pendurada ao pescoço e que tem a sorte de ainda ter o pescoço pegado ao corpo, não o mando, a você e à sua Rabeca Mágica, pentear macacos, porque estou convencido que isso é uma coisa que você já faz todas as manhãs ao levantar-se (Vira-lhe as costas).
Hilário (Furioso) - Alto lá, seu Procópio. Você está a chamar-me macaco e isso é demais, não consinto. Ainda me calei quando você mostrou desejos de me cortar a cabeça; agora quer o rabo, é demasiado. Protesto!
Procópio - Pois então vá protestar lá para fora, que não o quero ver aqui nem mais um momento.
Hilário - Vou, porque não lhe quero faltar ao respeito diante da Senhora sua Filha. Mas deixe estar você, seu Procópio Profundo que eu, Hilário Hilariante, Chefe da Publicidade do Teatro Folias Brejeiras, não me hei-de esquecer de gabar a sua voz. Hei-de dizer que ela é tão baixa, tão baixa, que para a gente a ouvir - e aplaudir – só de cócoras! (Sai pelo F.E.)
Procópio (Correndo para a porta) – Ah, tratante! (Fica fazendo gestos furiosos para fora).
CENA VIII
Isabel, Procópio, Júlio e Manivela
Isabel, Procópio, Júlio e Manivela
Isabel (Olhando para o pai) - Então Papá, não se exalte mais. Bem sabe que isso lhe faz mal.(Ficam falando baixo).
Júlio (Para Manivela) – Mas afinal quem é esse tipo que saiu?
Manivela - É do Teatro Folias Brejeiras. Está nas mãos dele a partida a fazer ao Carlos.
Júlio - Então achaste? O que é?
Manivela - Não há tempo. Uma coisa para enrouquecer. Veja se encontra esse tal Hilário e se o convence. Ele explica-lhe melhor.
Júlio - Vou já tratar disso. Até logo, Tio ( Sai por F.E.).
Procópio (Que tem estado a falar baixo com Isabel) - Até logo. (Para Manivela) - Ora vamos lá a saber...
(continua)
Júlio (Para Manivela) – Mas afinal quem é esse tipo que saiu?
Manivela - É do Teatro Folias Brejeiras. Está nas mãos dele a partida a fazer ao Carlos.
Júlio - Então achaste? O que é?
Manivela - Não há tempo. Uma coisa para enrouquecer. Veja se encontra esse tal Hilário e se o convence. Ele explica-lhe melhor.
Júlio - Vou já tratar disso. Até logo, Tio ( Sai por F.E.).
Procópio (Que tem estado a falar baixo com Isabel) - Até logo. (Para Manivela) - Ora vamos lá a saber...
(continua)
4 comentários:
VOLTASTE AO TEATRO! AINDA BEM! HOMENAGEAR O TEU EM VIDA TEM UM VALOR INTRINSECO INQUESTIONÁVEL.
E A PEÇA É CATIVANTE...COMO É QUE VAI ACABAR A LÚCIA PENEIROSA?A ISABELINHA VAI CONSEGUIR?? E O MANIVELA VAI SER BEM SUCEDIDO COM O ENROUQUECEDOR???
AGUARDO COM OIVIDO COLADINHO À TELEFONIA!
NT:ESCREVES 1a PARA la...
OLA CARA PROCÓPIA HILARIANTE...
POIS FIQUE DE OIVIDO NO APARELHO DE GALENA... ACABO DE PASSAR MAIS 3 CENAS NO WORD OU SEJA CORRIGIR OS ERROS DAS PAGINAS DIGITALIZADAS... POR ISSO O l SAIU COMO 1... AS MINUSCULAS SAO QUASE IGUAIS. JA EMENDEI.
PAREEC Q COM AS NOVAS LUNETAS Q TENHO AGORA DE MEIA DISTANCIACOM CORRECCAO PARA PERTO, OS OLHOS ESTAO A AGUENTAR MLHOR O PC. DEUS QUEIRA...
ALIAS COM ESTES OCULOS, SE TE VIR,DEVES PARECER-ME UMA MELANCIA EM VEZ DE UMA ERVILHA...
OLHA COMPREI O LIVRO DA VERONICA MENDES, A QUE GANHOU O CONCURSO DE POESIA DA MJ... PARECE Q NESSE TEMPO AINDA LA NAO ANDAVAS...
É MUITO BOM...JA CONHECIA A POESIA DELA MAS OS POEMAS DO LIVRO STAO ESPECTACULARES... ESTA NO SITE DELA AS FOTOS DO LANÇAMENTO EM LEIRIA.
HTTP://SENSACOESIRISORIAS.BLOGSPOT.COM
BJINHOS MANIVELADOS...
PARALAXE
AGRADECEMOS A INCLUSÃO NO SEU DIRECTÓRIO.
SAUDAÇÕES.
R. E L. NASCIMENTO
Caro Rui Nascimento,
Apenas informá-lo de que o Ateneu Setubalense irá festejar o 93.º Aniversário no próximo dia 19 de Maio . No dia 20 temos torneio de Xadrez.
Apareça.
Um abraço
Nuno Neves
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